quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Platão e o Controlo Artístico...





















Obrigaremos os poetas a só oferecerem nos seus poemas modelos de bons costumes, e controlaremos de igual modo os outros artistas e impedi-los-emos de imitarem o vício, a intemperança, a baixeza,a indecência, quer na pintura dos seres vivos quer em qualquer outro género de imagem, ou,se não puderem deixar de fazê-lo, proibi-los-emos de trabalharem na nossa terra

Platão, República

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Beleza de Eros...

 



















Eu,então: Que pretendes, Diotima, que Eros é feio e mau ?
Ela: Não tens nada melhor a dizer ? 
Achas que o não-belo tem de ser necessariamente feio ?
Exactamente.
E o não-sábio, ignorante ? 
Não ouviste falar de um meio-termo entre a ciência e a ignorância ?
Qual ?
A opinião justa, sem que seja capaz de dar razão; esta não é- acaso o ignoras ? - nem uma ignorância - como seria ignorância aquilo que o ser descobre ? -, a opinião justa é o que procuramos, um meio entre a inteligência e a ignorância.
Tens razão, disse eu.
Não obrigues também o não-belo a ser feio ou o não-bom a ser mau. Assim, porque tu próprio admitiste que Eros não é nem bom nem mau e feio ! Pode ser qualquer coisa de intermédio

Platão, O Banquete

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sócrates : O Belo é Difícil

 



















 Uma coisa, pelo menos, Hípias, presumo haver aproveitado em vossa companhia: imaginar que compreendo o significado do provérbio: o belo é difícil ( XXX- Sócrates)

Platão, Hípias Maior.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Kant e o Juízo do Gosto...

















Para distinguir se algo é belo ou não, referimos a representação, não pelo entendimento ao objecto com vista ao conhecimento, mas pela faculdade da imaginação (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito e ao seu sentimento de prazer ou desprazer. O juízo de gosto não é, pois, nenhum juízo de conhecimento, por conseguinte não é lógico e sim estético, pelo qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser senão subjectivo.

Kant, Crítica da Faculdade do Juízo

Theodor Adorno: A Categoria do Belo

 



















A identificação da arte com o belo é insuficiente, e não apenas porque tal identificação é demasiado formal. Naquilo em que a arte se converteu, a categoria do belo representa apenas um momento que, ademais, se transformou intimamente: o conceito de beleza por absorção, modificou-se em si sem que, no entanto, a estética o possa representar. Na absorção do feio, a beleza é suficientemente forte para se ampliar mediante a sua contradição
 
Theodor Adorno, Teoria Estética, Arte & Comunicação, Edições 70, Fevereiro 2011, pág. 412.

Hegel e a Menorização da Arte...


















  


Para nós, a arte já não figura como o modo supremo em que a verdade a si mesma proporciona existência. Pode certamente esperar-se que a arte se eleve e se aperfeiçoe sempre mais, mas a sua forma deixou de ser a necessidade suprema do Espírito. Em todas estas conexões, a arte é e continua a ser, do ponto de vista da sua mais extrema destinação, algo que, para nós, já passou.

Hegel,  Estética

Beleza Encoberta...

 



















Ele não tem beleza nem formosura, e vimo-lo e não tinha parecença do que era, por isso nós o estranhámos; feito um objecto de desprezo, e o último dos homens, um varão de dores e experimentado nos trabalhos; e o seu rosto se achava encoberto, e parecia desprezível, por onde nenhum caso fizemos dele.

Isaías, capítulo 52, 2-3

Voltaire e a Natureza do Belo...





















Perguntai a um sapo o que é a beleza, o verdadeiro belo, o to kàlon. Responder-vos-á que consiste na sua mulher, com os seus belos olhos redondos, que se projectam para fora da pequena cabeça, o pescoço grosso e achatado, o ventre verde e as costas castanhas. Interrogai um negro de Guiné: para ele, o belo consiste na pele negra e oleosa, nos olhos encovados, no nariz esborrachado. Interrogai o diabo: dir-vos-á que o belo é um par de cornos, quatro patas com garras e um rabo.


Voltaire, Dictionnaire Philosophique

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Friedrich Schiller: Estética e Humanidade..





















Friedrich Schiller ( 10/11/1759 - 9/5/1805), contemporâneo e amigo de Goethe, representante do romantismo alemão, produziu considerações filosóficas belíssimas sobre o sentido e os objetivos da arte, nomeadamente na sua conhecida obra Cartas sobre a Educação Estética do Homem. Desiludido com o rumo intolerante e violento da Revolução Francesa terá afirmado, segundo frase que lhe é atribuída, que um grande momento encontrou um povo pequeno. E convicto que só com a elevação do carácter humano seria viável evitar as tragédias que resultam de todas as intolerâncias e abusos de poder, sustentou que essa elevação pode ser consequentemente alcançada através do sensível toque da beleza, como se extrai da sua carta XXII da Educação Estética do Homem ,traduzida por Robert Schwarz e Márcio Suzuki, Editoras Iluminuras, Lda., 2002, pág. 109:


Não se podem, portanto, chamar injustos aqueles que declaram o estado estético como o mais fértil com vistas ao conhecimento e à moralidade (...) Todos os outros exercícios dão à mente uma aptidão particular e impõem-lhe, por isso, um limite particular; somente a estética o conduz ao ilimitado. Qualquer outro estado em que possamos estar remete a um anterior e exige, para sua dissolução, um subsequente; somente o estético é um todo em si mesmo, já que reúne em si todas as condições de sua origem e persistência. Somente aqui sentimo-nos como que arrancados ao tempo; nossa humanidade manifesta-se com pureza e integridade, como se não houvera sofrido ainda ruptura alguma pelas forças exteriores.