segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Universo Holográfico...
Em 1982, o físico Alain Aspect conseguiu demonstrar que
partículas subatómicas, como os electrões, são capazes de trocarem
instantaneamente informações entre si, independentemente da distância entre
elas. Trata-se do fenómeno do entrelaçamento quântico ou da não-localidade, que
parece colocar em causa o postulado einsteiniano do limite da velocidade da
luz. David Bohm sustenta que esse aparente paradoxo se explica se equacionarmos
a natureza holográfica do universo. Este físico defende que, num nível mais profundo
de análise desse fenómeno, duas partículas subatómicas, a interagirem
instantaneamente, não são entidades separadas, mas extensões da mesma
realidade. A imagem que ilustra este texto mostra como funciona um holograma,
que poderá aplicar-se ao próprio universo. Assim, se o holograma de uma maçã for cortado pela metade e posteriormente
iluminado por um laser, em cada metade ainda será encontrada uma imagem da maçã
inteira. E mesmo que seja novamente dividida, cada parte do filme sempre
apresentará uma menor, mas ainda intacta versão da imagem original. Diferente
das fotografias normais, cada parte de um holograma contém toda a informação
possuída pelo todo. Será que nós vivemos num universo holográfico?
domingo, 23 de dezembro de 2012
O que é a Matéria ?
Estamos tão habituados a considerar a matéria
como algo substancial que dificilmente concebemos que ela possa ser forma pura.
Pois é o que assevera, a este propósito, um dos pais da física quântica, Erwin
Schrodinger: "As nossas concepções de matéria revelaram-se muito menos
materialistas do que o eram na segunda metade do século XIX. Ainda são muito
imperfeitas, muito confusas, falta-lhes clareza relativamente a vários
aspectos. Mas pode-se afirmar que a matéria deixou de ser a coisa simples,
palpável e vulgar no espaço que se pode seguir enquanto se movimenta – cada um
de seus pedacinhos – e que deixaram de se poder verificar as leis precisas que
determinam o seu movimento.Vamos agora regressar às nossas partículas
elementares e às pequenas organizações das partículas como átomos ou pequenas
moléculas. A velha ideia acerca delas era que a sua individualidade se baseava
na identidade da matéria contida nelas. Isto parece ser uma adição sem
fundamento e quase mística, que representa um contraste marcado com o que
acabávamos de descobrir que constitui a individualidade dos corpos
macroscópicos, bastante independente dessa hipótese materialista grosseira e
não necessitando de seu apoio. A noção inovadora é que aquilo que é permanente
nestas partículas elementares ou pequenos conjuntos é a sua forma e
organização. O hábito da linguagem do dia a dia engana-nos e parece invocar,
sempre que ouvimos pronunciar a palavra “configuração” ou “forma”, a
configuração ou a forma de algo, parece significar que é necessário existir um
substrato material para assumir uma forma. Cientificamente este hábito remonta
a Aristóteles, às suas causa materialis e causa formalis. Mas quando se trata
das partículas elementares constituintes da matéria, parece que não faz sentido
pensar nelas novamente como consistindo de algo material. Elas são, por assim
dizer, forma pura, nada mais senão forma. O que surge uma e outra vez em observações
sucessivas é esta forma, não uma quantidade ínfima e individual do material"
sábado, 22 de dezembro de 2012
Onde está Deus ?...
" O próprio Eu, o de cada um de nós, é talvez uma dimensão divina,
uma sensação de nós em outra dimensão do ser"
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
A Arte do Equilíbrio Corporal...
Há cerca de de dois meses iniciei
a prática do Tai Chi e, em tão escasso tempo de prática regular, sinto-me
rejuvenescido e bastante mais sereno. O Tai Chi, também conhecido
por Tai Chi Chuan, é um antigo método de exercício chinês, que associa
movimentos fluidos a um estado mental de alerta e calma,
proporcionando aos seus praticantes acréscimo de resistência, flexibilidade,
equilíbrio e coordenação. O Tai Chi nasceu na China no século XII como uma
síntese de exercícios de artes marciais e meditação. O seu lendário fundador,
Chang San Feng, inspirado por uma graciosa garça e uma sinuosa serpente, a
enrolar-se para atacar, imaginou um sistema evoluído de autodefesa, baseado no
poder da flexibilidade, contribuindo para aliviar as tensões musculares, reduzir
a tensão arterial e estimular a eficácia do sistema imunitário.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Tributo a Menez
Menez, ou seja Maria Inês Ribeiro da Fonseca (1926-1995) foi uma pintora portuguesa, que recentemente descobri e fiquei completamente fascinado pela sua maravilhosa obra. Mulher de grande beleza e apurada sensibilidade, mas que teve uma vida trágica, com a morte dos seus três filhos e o seu posterior falecimento, após doença prolongada.
Aqui edito sete dessas lindíssimas pinturas, com a minha maior admiração e gratidão.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Platão e o Controlo Artístico...
Obrigaremos os poetas a só oferecerem nos seus poemas modelos de bons costumes, e controlaremos de igual modo os outros artistas e impedi-los-emos de imitarem o vício, a intemperança, a baixeza,a indecência, quer na pintura dos seres vivos quer em qualquer outro género de imagem, ou,se não puderem deixar de fazê-lo, proibi-los-emos de trabalharem na nossa terra
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
A Beleza de Eros...
Eu,então: Que pretendes, Diotima, que Eros é feio e mau ?
Ela: Não tens nada melhor a dizer ?
Achas que o não-belo tem de ser necessariamente feio ?
Exactamente.
E o não-sábio, ignorante ?
Não ouviste falar de um meio-termo entre a ciência e a ignorância ?
Qual ?
A opinião justa, sem que seja capaz de dar razão; esta não é- acaso o ignoras ? - nem uma ignorância - como seria ignorância aquilo que o ser descobre ? -, a opinião justa é o que procuramos, um meio entre a inteligência e a ignorância.
Tens razão, disse eu.
Não obrigues também o não-belo a ser feio ou o não-bom a ser mau. Assim, porque tu próprio admitiste que Eros não é nem bom nem mau e feio ! Pode ser qualquer coisa de intermédio
Platão, O Banquete
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Sócrates : O Belo é Difícil
Uma coisa, pelo menos, Hípias, presumo haver aproveitado em vossa companhia: imaginar que compreendo o significado do provérbio: o belo é difícil ( XXX- Sócrates)
Platão, Hípias Maior.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Kant e o Juízo do Gosto...
Para distinguir se algo é belo ou não, referimos a representação, não pelo entendimento ao objecto com vista ao conhecimento, mas pela faculdade da imaginação (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito e ao seu sentimento de prazer ou desprazer. O juízo de gosto não é, pois, nenhum juízo de conhecimento, por conseguinte não é lógico e sim estético, pelo qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser senão subjectivo.
Kant, Crítica da Faculdade do Juízo
Kant, Crítica da Faculdade do Juízo
Theodor Adorno: A Categoria do Belo
A identificação da arte com o belo é insuficiente, e não apenas porque tal identificação é demasiado formal. Naquilo em que a arte se converteu, a categoria do belo representa apenas um momento que, ademais, se transformou intimamente: o conceito de beleza por absorção, modificou-se em si sem que, no entanto, a estética o possa representar. Na absorção do feio, a beleza é suficientemente forte para se ampliar mediante a sua contradição
Theodor Adorno, Teoria Estética, Arte & Comunicação, Edições 70, Fevereiro 2011, pág. 412.
Hegel e a Menorização da Arte...
Para nós, a arte já não figura como o modo supremo em que a verdade a si mesma proporciona existência. Pode certamente esperar-se que a arte se eleve e se aperfeiçoe sempre mais, mas a sua forma deixou de ser a necessidade suprema do Espírito. Em todas estas conexões, a arte é e continua a ser, do ponto de vista da sua mais extrema destinação, algo que, para nós, já passou.
Hegel, Estética
Beleza Encoberta...
Ele não tem beleza nem formosura, e vimo-lo e não tinha parecença do que era, por isso nós o estranhámos; feito um objecto de desprezo, e o último dos homens, um varão de dores e experimentado nos trabalhos; e o seu rosto se achava encoberto, e parecia desprezível, por onde nenhum caso fizemos dele.
Isaías, capítulo 52, 2-3
Voltaire e a Natureza do Belo...
Perguntai a um sapo o que é a beleza, o verdadeiro belo, o to kàlon. Responder-vos-á que consiste na sua mulher, com os seus belos olhos redondos, que se projectam para fora da pequena cabeça, o pescoço grosso e achatado, o ventre verde e as costas castanhas. Interrogai um negro de Guiné: para ele, o belo consiste na pele negra e oleosa, nos olhos encovados, no nariz esborrachado. Interrogai o diabo: dir-vos-á que o belo é um par de cornos, quatro patas com garras e um rabo.
Voltaire, Dictionnaire Philosophique
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Friedrich Schiller: Estética e Humanidade..
Friedrich Schiller ( 10/11/1759 - 9/5/1805), contemporâneo e amigo de Goethe, representante do romantismo alemão, produziu considerações filosóficas belíssimas sobre o sentido e os objetivos da arte, nomeadamente na sua conhecida obra Cartas sobre a Educação Estética do Homem. Desiludido com o rumo intolerante e violento da Revolução Francesa terá afirmado, segundo frase que lhe é atribuída, que um grande momento encontrou um povo pequeno. E convicto que só com a elevação do carácter humano seria viável evitar as tragédias que resultam de todas as intolerâncias e abusos de poder, sustentou que essa elevação pode ser consequentemente alcançada através do sensível toque da beleza, como se extrai da sua carta XXII da Educação Estética do Homem ,traduzida por Robert Schwarz e Márcio Suzuki, Editoras Iluminuras, Lda., 2002, pág. 109:
Não se podem, portanto, chamar injustos aqueles que declaram o estado estético como o mais fértil com vistas ao conhecimento e à moralidade (...) Todos os outros exercícios dão à mente uma aptidão particular e impõem-lhe, por isso, um limite particular; somente a estética o conduz ao ilimitado. Qualquer outro estado em que possamos estar remete a um anterior e exige, para sua dissolução, um subsequente; somente o estético é um todo em si mesmo, já que reúne em si todas as condições de sua origem e persistência. Somente aqui sentimo-nos como que arrancados ao tempo; nossa humanidade manifesta-se com pureza e integridade, como se não houvera sofrido ainda ruptura alguma pelas forças exteriores.
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