" Hoje procuro mais o sentido da minha vida do que o sentido do mundo"
Alain Touraine
Alain Touraine, reputado sociólogo francês passou grande parte da sua carreira a estudar os movimentos colectivos, nomeadamente a problemática social do trabalho operário. A partir das suas reflexões, Touraine cria uma teoria geral das dinâmicas sociais e uma visão global da sociedade, na qual os actores sociais procuram impor o seu projeto, a que chama " historicidade". Nos anos 70, Touraine pondera que a sociedade industrial está em vias de dar lugar a uma nova sociedade: a sociedade pós- industrial, passando a considerar que o movimento operário já não é o grupo central nessa sociedade. No início dos anos 80, Alain Touraine passa a destacar que o interesse dos indivíduos começa a voltar-se mais para a " procura de si próprio" e para a busca de uma identidade pessoal do que para os movimentos colectivos, como enfatiza na sua obra " O Retorno do Actor", 1984. A sua conceção do sujeito social é a de um ator social que, detentor de valores, se compromete e não calcula sempre de forma prudente o saldo dos seus ganhos e perdas. Na década de 90, a doença e morte da sua mulher, provocou em Touraine uma revisão do seu conceito de sujeito, visto como ator coletivo e,ou, indivíduo.
Numa entrevista registada por Jean - François Dortier, Touraine sintetiza deste modo a evolução do seu pensamento sociológico e filosófico:
" Em suma, resumirei assim as fases sucessivas da minha vida intelectual: durante o primeiro terço da minha vida, agitei a bandeira da industrialização e do movimento operário: No segundo terço, interessei-me sobretudo pelos movimentos sociais. Por fim, o último terço está orientado para a compreensão do sujeito"
E essa entrevista termina com uma posição completamente heterodoxa de Alain Touraine, quando irreverentemente afirma que " a organização social deve ser dirigida por princípios não sociais", acrescentando: "isso é verdadeiramente o contrário do pensamento das ciências sociais, de Maquiavel a Talcott Parsons, onde é a utilidade social, o bem comum que está acima do indivíduo. Assim, penso que devem ser valores morais a dominar a organização social"
Eu sinto a mudança da sociedade, dos valores e da consciência humana, mas não saberia explicar... Foi bom ter lido este bocadinho, mas fiquei com vontade de ler mais.
ResponderEliminarAchei muito interessante constatar que um sociólogo tão marcadamente " sociologista", como Alain Touraine, na fase inicial da sua carreira, acabou por evoluir para a prevalência do indivíduo,a partir da morte da sua mulher,como se o seu falecimento lhe tivesse aberto a porta para a busca, mais premente,do sentido da sua própria vida...
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