sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Roland Barthes : a Semiótica da Imagem...















A palavra " semiótica" provém etimologicamente do idioma grego e significa " a ótica dos sinais", procurando estudar sistematicamente  os signos , enquanto sistemas culturais significantes.Nutro um especial fascínio pelas mais diversas simbologias e representações mitológicas, considerando a imagem como uma das mais poderosas formas de densificação e comunicação de mensagens.

Será também o caso da fotografia, que suscitou em Roland Barthes uma profunda reflexão sobre o seu carácter eminentemente ideológico e simbólico. No seu livro " A Câmara Clara ", Barthes procurou indagar a estrutura da linguagem fotográfica. A fotografia eterniza um momento e uma imagem, ainda que esta não corresponda à verdade absoluta.

Joan Fontecuberta vai ainda mais longe, quando sustenta:" toda a fotografia é uma ficção que se apresenta como verdadeira. Contra o que nos inculcuram, contra o que costumamos pensar, a fotografia mente sempre, mente por instinto, mente porque a sua natureza porque a sua natureza não lhe permite fazer outra coisa. Contudo, o importante, em suma, é o controle exercido pelo fotógrafo para impor um sentido ético à sua mentira. O bom fotógrafo é o que mente bem a verdade". ( " O beijo de Judas", página 13).

Embora discorde desta posição radical de Fontecuberta, reconheço, como ele e Barthes, que a fotografia não é neutralmente " inocente" quanto aos conteúdos conceptuais que, implicitamente, visa transmitir, bem pelo contrário. Toda a imagem fotográfica traz consigo um referencial cultural e axiológico que se vai socialmente cruzando e " dialogando" com múltiplas formas de diversos sentidos.

2 comentários:

  1. "O bom fotógrafo é o que mente bem a verdade" Ora aqui está algo em que nunca tinha pensado, pelo menos deste modo.
    "...considerando a imagem como uma das mais poderosas formas de densificação e comunicação de mensagens." Qual será a forma mais poderosa, a imagem ou o verbo?
    Magnifico este texto.

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  2. Por mim, penso que uma foto nunca mente,mas na exacta medida em que contém sempre a sua " verdade", ainda que haja acentuada dissonância com o motivo real que visa representar.
    Mesmo quando a foto não corresponde ao facto real,essa imagem acaba por transmitir sempre uma implícita mensagem.

    Quanto ao poder impressivo da imagem ou da palavra, penso que tudo dependerá das circunstâncias.

    Ambas podem salvar ou destruir, tudo depende da forma como são exercitadas.

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